Ele me pediu pra fechar os olhos. Antes isso me remetia a estar com medo, ou parecer fraca, mas pela primeira vez pareceu apenas a coisa certa a se fazer. Então fechei, e dessa vez não fiquei feito criança tentando espiar antes, esperei.
Pensando agora o momento pouco antes de assoprar a vela, é realmente um marco, quando se é criança parece que só depois de assoprar a vela é que realmente a idade muda e tudo supostamente fica diferente, claro que depois dos anos as coisas não são tão instantâneas assim. Mas ainda faço pedidos.
Os pedidos sempre foram a melhor parte, lembro-me de no fim do dia eu mal podia esperar para os pedidos que iria fazer no ano seguinte. Pedidos no plural porque não era só o da vela, mas durante o dia também, afinal era o meu dia, e mesmo com a vela não me lembro de ter uma regra de que podia ser só um, e mesmo que seja ainda é meu dia com minhas regras (ha).
365 dias atrás fiz alguns pedidos, e estranhamente (ou nem tanto) eles se realizaram. Sorrio ao pensar nisso. Mas voltando ao momento de assoprar, consigo me lembrar de vários aniversários neste exato momento, e em todos eles as cenas passam em minha mente em câmera lenta. Aquele momento em que se olha para todos em volta da mesa, todos torcendo por você naquele momento, como se apagar a vela fosse a missão da sua vida. E talvez seja, afinal quanto mais velas apagadas melhor certo? E sem mencionar quando a vela voltava a acender e tinha de ser assoprada de novo.
E talvez depois de apagar a vela tudo fique diferente sim, afinal temos aquela sensação de dever cumprido e uma sede de fazer coisas novas, de uma vida que ainda temos muito pra viver. Uma sensação que chamo de infinita.
E dessa vez quando fechei os olhos, pensei em todas as coisas que fiz neste ano, todos os momentos infinitos. E então pensei em todas as possibilidades e tudo que esta por vir e todas as coisas que quero fazer e tive aquela vontade de sair por ai e me perder de tanto descobrir.
E então eu sei que já estou pronta pra abrir os olhos.
A History of Crows 